Paradoxos da carne


... mal sabe o poder que tem suas pernas, seus dedos, seu olhar nu sob a luz misteriosa de uma tarde qualquer. Habita esta máquina de prazeres incomparáveis, mas não faz idéia do poder que lhe foi divinamente concedido. Seus desejos mais profundos estão na língua, seus sonhos estão nas mãos que acariciam o outro, loucamente, até que tudo se torna um rito celestial, pois a carne pecado capital ou não, se entrega facilmente. Momentos insaciáveis atormentam aquele que nunca ousou desejar e saciar a sede no impulso. No avesso das palavras ela o comia com os olhos e de alguma forma libertava seu animal interior.
O vento que apimentou a cena soprou... soprou... e levou com ele também o pensamento, foi desta forma silenciosa, tremula, quente e selvagem que pouco a pouco ela se envolveu nos paradoxos da carne.
- Anie Francis

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