Fragmentos de um quase suicídio mental

Entrei mais uma vez em um abismo profundo, dentro de um eu desesperado. Pego-me acordada olhando para o teto, é como se nada, nem mesmo o silêncio fizesse sentido. A vida é sempre tão rude e tão paradoxal que eu não consigo me adaptar a ela, e hoje nem a mim mesma. São tantos problemas, medos, inseguranças, tantas ausências... Eu tento me esconder de tudo isso, atrás da "poesia que a gente não vive", escrevendo, sonhando, desconstruindo a realidade, mas agora, excepcionalmente nesse instante eu cansei. Cansei de pensar, minha mente e meu corpo alcançaram um nível preocupante de esgotamento. É como se minhas asas tivessem sido amarradas, como se eu nunca tivesse levantado vôo. Dói. Dói ver 8 horas do meu dia diluídas em um universo hipócrita.
Enquanto mais de 1 bilhão de pessoas no mundo passa fome, eu estou alí observando pessoas comprarem livros para decorar a cozinha. Enquanto mais de 1 bilhão de pessoas sofrem com discriminações, violência gratuita e doenças eu assisto outras pessoas planejando se "sentar no trono do apartamento com a boca escancarada e cheia de dentes para esperar a morte chegar". Eu temo que a vida tenha algum sentido que eu ainda não compreenda, ou pior, que dependa unicamente de mim dar um sentido a tudo isso, pois "que mundo é esse?", "que pessoas são essas?", "quem sou eu?".
Não sei.
Diante de um precipício existencial me deparo com questões quase patológicas, mas tenho medo de admitir. Medo de olhar no espelho e ver que meu silêncio é parte desse câncer e que mudar o final da história é o sentido que eu estou buscando nesta vida.
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