Poesia da carne


Ela abriu a porta do quarto e lá estava ele esperando para se perder em seu mundo. Os olhos castanhos compenetrados, as roupas já amassadas jogadas no chão, então, ela caminhou até ele devagar, com olhos famintos e despiu a sua alma. O quarto ficou apertado e o relógio parou. Era tarde demais. O coração saltou o peito. Um corpo encontrou o outro num êxtase indescritível, a razão foi substituída pelos instintos mais primitivos que ambos jamais poderiam imaginar. As línguas se entregaram aos desejos e tocaram a pele, sentiram o gosto. Mastigaram o vazio. O beijos e as mordidas enfeitaram a cena. Ele segurava os braços dela como se a dominasse ao mesmo tempo em que suas pernas o envolvia. A velocidade aumentava, gritos e gemidos se misturavam. Se transformaram em animais selvagens.
Ele a observava entre um movimento e outro enquanto ela arranhava suas costas. Cada curva perigosa do corpo dela roubava-lhe um suspiro. Engoliram um ao outro, incendiaram a cama e a carne. Explodiram juntos...
Eternizaram a noite.
O vento soprou a janela.
Adormeceram completos.

Comentários

  1. Day, você retratou o "ato" com as melhores palavras. Parece a descrição de uma fotografia sublime. Só te escapou oque é inefável, oque não tem como ser dito por meio de palavras.
    Não foi tanto sensual, mas há outra coisa no ar...Não é erotismo, também...Nem pareceu romântico...Foi mais...gutural, primitivo, animal.
    E atrai-nos a imaginar a cena.

    De muito bom gosto!

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