Quinta-feira

Encontrei suas mãos naquela quinta-feira
Perdidas na multidão que nos envolvia,
Elas me despiram antes que as vestes caíssem no chão.
Eu me lembro daquela tarde ardendo
Nos rios das nossas almas,
Enquanto nossas bocas juntas rasgavam as horas.
Meu corpo se perdera em cada toque seu,
Enquanto sua respiração extraía meus gemidos.
Dois corpos tão nus, tão juntos, tão um.
Quatro paredes nos aliciaram.
Não há de ser pecado amar com profundidade,
Amar suas mãos se perdendo nas minhas curvas,

Ou minha boca matando a sede no seu sexo.
Não há de ser pecado amar seu olhar de leão
Amar sua pele do avesso
Ou salivar sua virilidade.
Era quinta-feira. Eu me lembro.
Nossa voz ficara mais doce,
As vontades se perderam no vão do primeiro orgasmo
E a fome insaciável que nos caçou
Sobreviveu a explosão dos instintos desesperados
Que habitavam nossa carne.
Aquela quinta-feira nos engoliu.
Eu me lembro.
Trancamos o mundo, as horas,
Os valores e as nossas próprias vidas do lado de fora...
Éramos outros,
Animais falhos de razão.
Uma quinta-feira desconcertada,
Mãos, beijos, afagos,
Tesão, desejo, erupção...
Após mergulhar na sua forma bruta
Conheci um amor que queima e cintila
Nunca mais os dias padecerão em silêncio,
Sua voz ainda ecoa em meus ouvidos...
Agora, todo dia da semana é quinta-feira.

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