Marujo


Estou acordada e não entendo porque meu coração permanece aquecido e inquieto.
Será possível parte do meu ser ter se entregado de tal forma a tocar sua alma desconhecida?
Será possível que eu, e somente eu, talvez, ainda esteja dormindo e lembrando as ondas que invadiram a imensidão do meu ser?
Ainda que eu esteja tão lúcida e assustada, estou apaixonada. Como isso é possível?
Isto é possível?
Um momento encantado, doces palavras fugidias dançaram no céu da minha aurora.
Eu não estou pronta, mas te esperei a vida inteira, não encontro os freios.

Poderia a eternidade nos acolher em seu colo e pregar a luz dos teus olhos nos meus?
Poderiam minhas mãos ainda trêmulas não escrever, enquanto o teu nome sobrevoa meus pensamentos? 

É tão inevitável.

Algo explodiu aqui dentro e uma insustentável leveza me aprisionou nestas palavras.
Um sentimento violento e proibido.
Quem somos? Quem fomos?
Mesmo que tudo sintetize outro sonho bom, eu te carrego nos meus pensamentos e sinto muito.

Marujo, não tive intensão alguma.
Talvez minha loucura seja como a sua.
Perdi-me neste navegar.
Não deveria, eu sei.

Sinto muito não ter forças para parar de remar - e mesmo que seja, desde o princípio, apenas uma invenção deliciosa, eu não quero parar.

Sua luz se misturou a minha, incógnita faminta e avassaladora.
Uma lágrima tenta escorrer toda vez que tento desconstruir você.

É pecado deixar arder, mas será ainda pior fingir que nada se alojou aqui dentro e que todo este dia não foi respirar você.
Minha alma encostou na sua.
Seja como for, eu só não quero esquecer.

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