Sobre uma indescritível sensação


Tantos livros na estante
Palavras enroscadas na garganta do comandante
Indigentes caçam a razão com seus revólveres
A selva não espera, não cala e não consente
Se você é aquilo que cultiva e não o que acredita
Por que os doutores contrariam?
Se os frutos dos valores padecem somente no pensamento
Em alguma esquina haverão de apodrecer
E sem que percebamos a história nos mastigará

O dono da barraca de cachorro quente quer ser presidente
Certamente precisará lapidar um sorrido e comprará alguns dentes
Está nas páginas amareladas dessa gente indecorosa
Chove medo do desconhecido
Transborda covardia e comodismo
O câncer de existir ainda é, nas fendas da sociedade, um desejo descartável
E insaciável de conquistar o mundo

Nos rios da minha alma ainda corre simplicidade
Minha essência é minha cocaína
Com as palavras não ditas desaprendi a sonhar o impossível
O ar, as flores no jardim pequeno do bairro cinza
As nuvens e o vento que entra pela janela escancarada
A vida arde no meu peito, minha prioridade 

Sou, insisto
A carne, o adubo
Uma curva na estrada
As quatro patas do leão
E não há, nesta vida, absolutamente nada
Que cure a indescritível sensação de me pertencer



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