Silêncio por flores


Encostou suas mãos nas minhas mãos ainda frias e puxou-me para perto, tão perto que eu podia respira-lo. O barulho transformou-se em melodia, enquanto seus lábios sedentos me desfolhavam. Lábios marítimos.
Lá estávamos nós, submersos na ausência da dor, destacados na multidão, aguardando os ventos que impulsionariam afagos cinematográficos, mas tudo mudou quando o amor aceso se revelou entre as palavras desinibidas e nossas sonhadas bocas juntas.
Um rasgo no pretérito, amargo teor de saudade que se bordou na pele ainda aquecida. Não fomos porque ainda somos no interstício desta vida o melhor que podemos ser.
Como é maravilhosa a vida enquanto me perco no sentir. Meu fascínio, sua neblina, quatro cantos de um conto que encanta.

Tudo está bem. Não concentro minha infelicidade no que não vivemos, não porque a alma não é pequena, pois uma vez que o brilho da sua existência ainda me inspira, estar aqui me basta.

Sua luz guia meus escritos, mais uma vez você é minha poesia, e que não seja, pelos deuses, somente esta noite ou outra. 

Amar-te fora das horas, através das minhas palavras, mesmo sozinha é trocar o silêncio por flores.

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