Em peito de marujo

lavei os anseios e decorei meus olhos com sua face celestial 


coração sóbrio, primavera sem cor 

uma estrada com feno e luar 


o que há nas palavras que se beijam? 


enrosco meu corpo nos lençóis emaranhados

e escondo no linho 

instintos e veracidade 


o sabor da sua pele quase pálida se desenha e cresce


não nos escolhemos 

sabia fortuna amarrou nossos caminhos antes que aprendêssemos a caminhar

pintou o céu de azul marinho 

e a fome jogou no mar


amor que não sufoco

e alimento com fervor 

a voz da noite é vida, fogo e poesia 

como este canto que me escapa aos dedos 


com a sua ausência inebrio-me de saudade

e tudo que toco

ganha a sua forma e o seu perfume 


em peito de marujo não cabe chão

nem a verdade 


cabe um horizonte

cabe o meu amor 

eu sei 


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