ESBOÇANDO INFERNOS I


ofegante, a respiração delineia sentidos
os versos escorregadios envolvem o raiar do dia que não cessará
a nuance dos corpos vestidos de fogo é fermento
o ritmo sem freio das mãos mergulhadas na carne enfeita o relógio
mil sóis avistei nos olhos que engoliam gestos
e nenhum vazio

formas milimetricamente exploradas com fervor
divino prazer, onde debruçamo-nos como um artista
com pincéis nas mãos sobre uma tela famélica

joia magma da existência, paixão avassalante
percalços que se subtraem neste ritual figurado
convexa desordem nasce e morre nos lábios abotoados
sensato caos que imerge no peito também afaga

o destino agora cabe num beijo violento
e as marcas ilustram o amor do nosso jeito
desesperados, imãs imaculados

quem somos se não astros nus esboçando infernos
numa imaginação precoce
entretidos com trajes caindo no chão?

o que somos se não a curva perigosa de um Éden qualquer?

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