Sobre a febre

Há um lugar desabitado no fundo da alma de muitos 

Quando morada estremece 

Barulho doce e incessante 

Nem amor, nem paixão 

Ardor vil

Outrora animal quieto, angelical 

Fingidor profissional 

Guardamos sob a pele o caos 

Herança de caçador 

Embaraços, coturnos e mordidas 

Olhos selvagens 

Não éramos outros enquanto primitivos 

Punição 

Vestir sua carne e pertencer-te, cicatriz 

Eterna poesia febril 

Brasa escondida, intangível  

Pecado imaculado 

Inarrável 

Um lugar decorado com suor, saliva e doses violentas de um estranho Amor

Ainda que fosse possível pintar as paredes de branco o cheiro atravessaria a tinta 

E o sabor pousaria nos lábios 

Afrodite nos emprestou a lucidez

Febre rara 

(Re)viver em palavras, sonhos e pegadas apagadas 

O mesmo calor, cada detalhe 

Somos o inverso do fim, a tempestade 

Plantamos maçãs entre as rosas 


 


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