CIO DA EXISTÊNCIA

entrelinhas úmidas
sabores inenarráveis
incerto destino escapa 
o seu beijo não deixou marca
incendiou, viciou
suas mãos desenharam sob a minha pele um labirinto 
com arcos de fogo e espinhos 

fora febre, desejo imutável 
a noite esgota o ar ao reviver sussurros
acarinham os ouvidos
visto-me de arrepios

coração selvagem 
imergiu nos olhos fotografados 
na eternidade que consentiu o amor queimar  

a cidade agora é deserto 
e esta aurora ácida profere seu nome
cúmplices
fundimos-nos em deleite 
para além do tempo
num inferno e céu
através de nós mesmos

descendentes do impronunciável 
irrefletidos
não há remédio
se não há chão


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