NÉCTAR

nu, o corpo se delicia nas palavras febris que escapam pelas mãos
o abismo se desintegra na respiração ofegante e o ser ausente se funde no ventre úmido do não ser presente
o perfume catártico enfeita o orgasmo roubado
e os beijos não trocados
o toque inventado
cada movimento escondido no pensamento instigante
dão forma ao desejo vulgar
uma luz noturna, circular
desnorteia, inebria
e a carne macia se perde em si
saboreando além das vírgulas
um descompasso proibido
imergido na incompletude da própria flor
pétala por pétala
até o núcleo
a desvendar na erupção
o néctar da dor

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