CRIATURA PULSÁTIL, DESCONHECIDA

o sonho dividiu-se pela navalha
ainda posso sentir o perfume do silêncio 
o sabor do vazio 

as cortinas balançam 
anunciam a tempestade derradeira 
as duvidas se misturam 
e cada resposta se esvai 
na contramão dos sentimentos 
num salto meticuloso 
sem propósito

caçadores submersos nos abismos da alma
apanhadores, corruptos 
sapateiam no cemitério das palavras cáusticas 

lúcida loucura 
canta o desencanto
a vida, pó estelar 
não escapou do ventre 
é sonora, cadente 

uma dose labiríntica, perene
untada com borra de café 
ardendo de fora pra dentro 
desmembrando o peito

austero apetite floresce despercebido 
ainda posso sentir escorrer a magia fatídica
a aura da criatura pulsátil, desconhecida 



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