TANTRA

uma gota de suor escorre 
os olhos quase serrados
enfeitiçados, entregues 
o gosto do desejo é deserto 
seu calor minha veste 
nosso tom se esparrama
enquanto o universo se ajoelha
a lua brinda um ruído renascentista
galgo suas sólidas curvas 
com mãos úmidas, trêmulas
leves os beijos entrelaçados aos sussurros desligam a ordem 
ainda lentamente o olhar engole
tudo se faz místico
a mente se cega 
os pés tocam as nuvens 
a paixão deságua 
é tempestade no verso e no avesso da pele 
a carne absorve o fogo através do toque 
antes do ápice, o êxtase 
depois da explosão
eu e você
num clarão, erupção serena 
o fim cintila
mas não chega
se aconchega entre as pernas
um caos tecido cuidadosamente 
para quem sabe num milagre invejável 
jamais ser completamente saciado 



 


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