FISGADORES DE INQUIETAÇÕES



a saudade partiu o tempo ao meio
vestida para sair
lavou a louça e se fez muralha 
entre a porta e o coração

luz da primavera hostil
esfarelada sobre os olhos imaculados
da moça que sentiu

voou ao redor da carne úmida
um azul inebriante, extravagante
delicadamente apaixonante 

como quem se deita em feno
nas tardes de verão
acompanhado de imaginação 

os pés, encharcados de oração  
fisgadores de inquietações
cavam na curva do desejo sublime
um sonho que ilumine 
qualquer rosto na multidão 

e que te sirva de abrigo qualquer peito 
onde o perigo não caiba na mão 
nem a loucura na solidão  

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