Para os seres do campo

Se seus olhos baixos de tristeza estiverem mirando minhas palavras solitárias, certamente você sabe antes de saber. Nos meus sonhos a mata aberta. O rio encontrando o mar depois da pedreira. Algo foi sem se despedir. Ficamos para depois do tempo, mas ainda estamos coexistindo sob o mesmo céu. Quem disse que estamos aqui para desfrutar de alegrias? Alegria é um pássaro que nos visita entre uma tristeza e um aprendizado. Um momento breve e insólito pelo qual devemos ser gratos também. Sem ele não estaríamos aqui. Eu escrevendo e você lendo. Claro que é muito mais do que isso. Você é o grande, o único, o ontem, o sempre. Você é o farol que não alcanço. Gatsby saberia descrever melhor este sentimento.
O vão das auroras sem seus braços será sempre escuro. O vão das palavras sem seus ouvidos será sempre uma passagem para lugar nenhum. A garganta dá um nó. A neblina tomou conta do meu dia e da minha alma. Onde quer que esteja eu te envio o mais puro amor.
Seu lugar é seu. Insubstituível. Morri. E vivo porque tenho motivos para viver. 
Quando me visita a alegria, finjo como o poeta que a vida é boa e vibro para que seja boa a sua vida também. Porque opções não tenho se não me resignar diante dos cacos espalhados pelo chão. E suturar os buracos dos dias. E enfeitar a dor.
Eu disse que não iria doer se eu não me visse cair, pedido para que nunca soltasse minha mão. Não me vi cair. Acordei nas profundezas de um pesadelo sem suas mãos, sem suas palavras, sem o peso do seu abraço. Doeu. Dói.
Ainda não sei como chegamos aqui.
Mas, segure em suas mãos a certeza de que minha vida será sempre um enorme vazio sem você. E que desejo e peço aos deuses que esses pássaros transbordem nosso mundo de luz, alegria e sabedoria.
Saiba que ainda acredito na força do destino. As perdas trazem grandes ensinamentos, as folhas secas dão lugar a flores lindas e o ciclo da vida segue perfeita harmonia interligando o fim ao princípio. E revoltar-se diante da vida é amor de viver. Lembre-se de quem é por baixo das vestes, dos predicados e ideologias. Lembre-se de quem é ante a desordem. Sentir a magnitude do divino não te faz divino, mas te inspira a ser alguém melhor todos os dias.
Que esse amor seja para nós um reflexo da harmonia que não somos ainda capazes de compreender. É amor. E enquanto houver um único vestígio na memória de que ele existe, haverá motivos para colher as flores desse jardim que denomino VIDA.

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