Ficha 1
Solidão. Tanta gente ao redor e esse sentimento persistente. Esvaziaram-me. Permiti.
Caí no abismo dos pensamentos. Ainda não chorei. Trovejei.
Nada me pertence se não o desejo de recomeçar. Outra vez. Exausta. Ainda vestida de fé. Uma fé cansada, entretanto persistente.
Peço perdão a mim por tamanha ingratidão. Nem todos conhecem o sabor do renascimento.
Dói. Dói demais o fracasso. E ainda mais quando a imaginação veste uma ideia irreal. Simplesmente não era amor.
Amor não machuca. Amor não grita. Amor não humilha. Amor deveria escutar. Amor poderia segurar as mãos. Penso que a única obrigação de quem ama é amar com ações.
Finjo que está tudo bem. Mas, ele ainda está aqui dentro. O frio das atitudes. O gosto das palavras violentas e egoístas. Os cortes e as cicatrizes.
O desamor.
Minha terapeuta é uma mulher linda que guarda na voz um misto de dor e experiência.
Penso nela sempre que o coração arde.
O círculo, a espiral, o limite.
Então lembro porque tudo hoje dói. Eu deixo doer. Eu permito molhar. E então deixo de sentir os pés.
O medo devagar tende a voltar para caixa e eu sigo a correnteza.
A incerteza do amanhã me dilacera. É irracional. Como posso me sentir desconfortável? Como posso temer o desconhecido enquanto concluo que não me conheço?
Tenho dificuldade na tarefa de organizar os pensamentos nas caixas. Queria abraçar o mundo, o tempo, os sonhos. E quem não quer?
Uma utopia esconde minha paixão pelo inacabado.
Existir é se aventurar.
"Seja forte e corajoso!" Ele disse.
Assim será.
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